Com a aquisição, o pai de Neymar passa a controlar os direitos comerciais que podem transformar o legado de Pelé no Santos.
A relação entre o Santos e a NR Sports ganha um novo capítulo no momento em que o clube tenta construir um futuro financeiramente estável e, ao mesmo tempo, preservar o legado histórico de Pelé. Em meio às conversas sobre o uso comercial da marca do Rei, pesa nos bastidores uma dívida superior a R$ 80 milhões relacionada a um antigo contrato de direitos de imagem de Neymar, valor que ainda influencia diretamente cada novo movimento entre as partes.
O pagamento desse montante segue sendo feito de maneira parcelada, com previsão de quitação apenas no fim de 2026. Paralelamente, o vínculo atual de Neymar com o Peixe se encerra em dezembro, mas existe a expectativa de que o camisa 10 permaneça pelo menos até a preparação para a próxima Copa, caso haja condições financeiras que deem sustentação ao acordo.
Mesmo assim, qualquer conversa sobre extensão contratual só deve ocorrer após o término do Campeonato Brasileiro. Uma eventual queda para a Série B colocaria o planejamento em risco, já que o impacto econômico seria suficiente para inviabilizar a permanência de Neymar, visto que o clube precisaria redimensionar seus gastos de forma drástica.
Enquanto essas decisões não avançam, outro movimento ganhou força nos bastidores: a aquisição da marca Pelé pela NR Sports, empresa administrada pelos pais do craque. A negociação foi conduzida junto à Sport 10, agência norte-americana que detinha os direitos comerciais do Rei desde seu falecimento, em dezembro de 2022, e envolveu meses de tratativas até a conclusão.
O anúncio oficial da compra deve ocorrer em breve, possivelmente ainda em novembro, com a escolha do Museu Pelé, em Santos, como cenário preferencial para a apresentação. A operação, somando impostos e despesas adicionais, alcança cerca de 8 milhões de dólares — aproximadamente R$ 42 milhões na cotação atual, tornando-se um dos negócios mais relevantes ligados ao legado do maior jogador da história.
A apuração sobre o acordo veio à tona após reportagem do jornalista Vagner Frederico, informação posteriormente confirmada pelo ge, que reforçou a dimensão estratégica do negócio. Para a NR Sports, a marca Pelé abre espaço para novas iniciativas comerciais e institucionais no universo esportivo.
A partir desta aquisição, o pai de Neymar deve iniciar conversas com o Santos para desenvolver licenciamentos, coleções de produtos e ações promocionais capazes de unir a imagem de Pelé à do próprio Neymar, criando uma nova frente de exploração comercial alinhada às duas maiores figuras da história recente do clube.
Nos bastidores, cresce a percepção de que a presença de Neymar no processo pode facilitar a utilização regular da marca de Pelé, mantendo o Rei sempre associado ao Santos e permitindo ao clube aproveitar melhor seu maior patrimônio histórico. Até o momento, no entanto, a diretoria santista ainda não se pronunciou oficialmente sobre o assunto.
A manutenção da relevância da marca após a morte de Pelé exige um plano de negócios robusto, e é justamente isso que está sendo estruturado. Neymar — frequentemente chamado de “Príncipe” desde seu retorno ao Peixe — é visto como peça essencial na estratégia. A família de Pelé também participa de cada etapa, garantindo que o direcionamento preserve o legado e amplie seu alcance para novas gerações.
Com tantos interesses paralelos, a discussão sobre o futuro da marca Pelé ilustra a complexidade da relação entre o Santos e a NR Sports. Ao mesmo tempo em que o clube tenta reorganizar sua situação financeira, surge a oportunidade de fortalecer sua identidade histórica com o apoio de duas figuras de impacto mundial: Pelé e Neymar.